Pobre Juscelino, não sabia que Brasilia se transformaria na Ilha de Circe, a maga que transforma homens em porcos. Para constatar isso, basta ver que 90% dos candidatos não têm outro ideário além daquele que vai para o seu bolso. Observem como eles se comportam antes, durante e depois. O processo teratológico é visibilissimo.
Numa sociedade multimutilada como a nossa - onde quem está em cima esqueceu-se ou nunca soube o que é honra e quem está embaixo gasta todas as energias para sobreviver - convém pensar antes de votar. Para algumas gerações pode ser a última vez.
Alguns conselhos práticos: não vote em alguém cuja familia está no poder há décadas; nem em quem gastar na sua campanha mais do que ganhará em salários durante o mandato; nem em quem, na vida privada, só pensou em si. Não vote em quem lhe disser que está dando um voto a Deus; nem em quem oferecer dinheiro ou quem lhe pedir dinheiro. Um candidato (cândido = sem mácula) deve ser honesto, íntegro, confiável e leal, e seu caráter, a junção dessas qualidades. Um homem honrado defenderá sua honra até a morte, pois transformou-se na honra. O sujeito é o predicado!
Honestidade de conduta significa obedecer as leis de interesse geral e lutar contra as que beneficiam apenas poucos. Lembre-se porém, que nem toda mentira é inimiga da ética. Mas as justificavéis são raras. Ganhar 50 mil mensais para representar homens e mulheres que recebem salário-mínimo é injustificavel, embora legal. O que não é justificavel nem legal é ter caixa 2 num país onde milhares de crianças se prostituem por 2 reais. A palavra integridade vem do latim integer e que dizer uno, completo. Seu candidato não deve ter duas caras e deve agir de acordo com seus ideais e não através de expedientes. Sua vida pessoal deve ser pública; ele deve parecer íntegro. Para não se fraturar interiormente, deve refletir muito e assim evitar eventos do dia-a-dia determinem o curso de sua vida moral. O homem íntegro se veste com a própria alma. Às vezes só se pode prometer sangue, suor e lágrimas.
Certas alianças - marido-mulher, patrão-empregado, cidadão-país, presidente-ministro - criam uma expectativa de devoção que está longe de ser inteiramente moral. Essas alianças tornam-se imorais quando pedem os sacrificios de principios éticos. Não se pode ser tolerante com os intolerantes, nem leal a quem nos pede deslealdade. Michael Josephson, que acredita na possibilidade de humanizar o capitalismo, diz em seu livro Making ethical decisious, que, se apenas você habitasse o universo, não haveria necessidade de ética ( isso que Lula tem mais que qualquer outro brasileiro), mas já que isso não ocorre, seu candidato tem de se preocupar com o bem-estar dos demais, pois um dos componentes da ética é o altruísmo. Não confundir com caridade, que é deduzível do imposto de renda.
PS: Será que algum candidato leria isso no congresso? duvido