"Quando a borboleta coroou a flor amarela, os lírios, em ângulo reto com seus caules, fizeram uma profunda saudação..." - Guimarães Rosa
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
Flores..
E depois de tudo, de tanto tempo, tive a percepção, a certeza de que minha vida não passava de sonhos ruins, de ilusões passageiras, de especulações, e mais ainda, de idealizar o que nunca ocorreu, o que dificilmente poderia ser verdadeiro, e eu, me prendia a isso, com todas as certezas da vida, com toda força e fé que eu nunca tive. Tenho várias faces, vários eus correndo dentro de mim, e nem sei qual deles é o verdadeiro. Já me perdi nas minhas mentiras, na minha vida falsa, e levo comigo todas as pessoas ao meu redor. Sou tão real, tão confiável que chega a assustar, são tantas pessoas a quem amar, a quem ser amiga, que fica complicado não o ser. Meu medo do certo é maior do que o medo da certeza de que tudo é uma farsa. Presencio e não quero mudar, clamo por algo a mais o tempo todo, e me deixo estagnar e acreditar que estou vivendo... O medo da felicidade me faz correr por caminhos não virtuosos, me fazem achar que a cinderela vive num labirinto sem volta. Poderia ser doença, poderia ser covardia, acho mesmo que é a falta total de compreensão, do quão pior pode ser se eu acordar pra vida. Tenho medo da desilusão, e que isso me faça descer ainda mais e não conseguir lutar, tenho preguiça de correr atrás do que seria melhor pra mim, e me culpo todos os dias: me tranco no quarto, choro até secar minhas lágrimas, e isso me basta. No dia seguinte sou uma rainha diferente, com um novo reino a colonizar. Talvez eu precise de uma força maior pra sair dessa inércia, talvez eu precise desistir de viver, pra então começar a entender. Quando eu descobrir, eu conto.
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
Águas
Agonizou em pranto eterno
O silêncio muita vezes acompanhou
Só que também o barulho nas ruas
Com ela parou.
O tempo voraz e veloz
No seu rastro sem demora
Foi amigo e algoz,
Foi anjo e história.
Hoje ele passa por ela,
Não há murmúrios, nem expressão
Há o desejo de tê-la
Há o desejo de ocupar o novo coração.
Agora olhando-o e longe
O choro perdeu o sentido
Ele tão fora de alcance
Ela num outro desatino.
- Isabel Moraes
O silêncio muita vezes acompanhou
Só que também o barulho nas ruas
Com ela parou.
O tempo voraz e veloz
No seu rastro sem demora
Foi amigo e algoz,
Foi anjo e história.
Hoje ele passa por ela,
Não há murmúrios, nem expressão
Há o desejo de tê-la
Há o desejo de ocupar o novo coração.
Agora olhando-o e longe
O choro perdeu o sentido
Ele tão fora de alcance
Ela num outro desatino.
- Isabel Moraes
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