domingo, 18 de março de 2012

Noites de uma ébria

Desfilo pelos bares o olhar da minha memória
E relembro os homens,
Folhetos a fortificarem as decepções do líquido.
Os cabelos pretos de um,
O olhar torto de outro,
Corpo escultural de um terceiro,
A boca delicada daquele outro, surgindo com ternura
ao estalar de um beijo,
O charme tentador de tantos me tentando,
O perfume que exala paixões,
As cantadas infalíveis no ar...
E eu e meu copo, tímidos, submersos nessa contemplação de voyeur,
Relembramos sonhos de uma princesa árabe.
E imagino, já embriagada, que o bar é um deserto
E o garçom beduíno aponta as delícias do oásis;
Os homens desfilam pela areia, entre camelos e ladrões,
E eu, heróica, tropeço,
Acordando à entrada do banheiro, apurada,
Desperto pelo fedor de um miquitório barato.
São sempre palhaços, pederastras, babacas, policiais andando
nas noites da cidade.
E eu, querendo encontrar em mim a prostituta invencível,
Vasculho a mulher que eu não sou.