quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

A mais querida !

A menina só sonhava com uma vida melhor, uma casa maior, mais comida na mesa e mais dinheiro na carteira. Ela só sonhava com os pais que ela nunca teve, os irmãos que ela nunca teve, o carinho e o respeito que ela sempre pediu. Mas era difícil pra menina, quanto mais ela se importava menos a respeitavam, quanto mais ela se entregava, mais indiferença recebia e ela não entendia porque as pessoas eram assim, porque o mundo era assim. Porque existiam pessoas capazes de fazer mal a outra sem nenhum motivo, apenas como diversão. Ela não entendia porque a mãe dela não a amava, se ela nunca fez nada que desse essa razão, a menina sempre tão bonita, tão dedicada, as vezes se mostrava rancorosa, mal humorada, e as pessoas a quem ela entregava seu amor, achavam que ele era amarga, mas esse era o sabor do seu escudo, da sua defesa pra humanidade que nunca prestou atenção e sempre a tratou como mais uma. A menina encontrava nos braços da rua o afago que sempre pediu o carinho, o riso, o respeito que sempre mereceu, e então a menina começou a viver o maior tempo possível fora de casa, onde ela era feliz em vários momentos, e onde ela não tinha que cruzar com pessoas que não queriam que ela estivesse ali. A menina por mais que se sentisse rejeitada, nunca transpareceu isso para as pessoas que a rejeitavam, sempre se mostrou indiferente o bastante, coisa que irritava mais ainda essas pessoas. Mas a menina sonhava que um dia tudo iria mudar e que essas pessoas que deviam seu amor a ela um dia iam perceber que ela não era mais uma, que ela era única, que ela estava ali por amor a eles. Mas a menina tinha medo que quando isso acontecesse ela já não estivesse no mundo ou que isso nunca acontecesse, a menina se sentia um estorvo e ao mesmo tempo se sentia um troféu. Um troféu que todos eles almejavam porque sabiam que nunca poderiam tê-la. E a menina ficava feliz e dormia tranquilamente, por mais que rios de lágrimas surgissem de seus lindos e brilhantes olhos durante a noite. Rios e rios de lágrimas presos nos sentimentos guardados pela menina, sentimentos esses que ninguém nunca teve contato, sentimentos que a menina tinha receio que soubessem. A menina sempre parecia uma rocha, mas não passava do ser mais sensível que existira e somente os que realmente se importavam com ela sabiam disso e entendiam a sua necessidade. Quanto aos outros ela era uma mera sombra que se esquivava evitando contato físico e psicológico. A menina era feliz, muito feliz apesar de tudo, ela era feliz quando estava sozinha ou quando estava nos braços de quem sonhava com ela.

Amores

" Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo à porta. O amor não é chegado em fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar. Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais. Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca. Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera. Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco. Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina o Natal e ela detesta o Ano Novo, nem no ódio vocês combinam. Então? Então que ela tem um jeito de sorrir queo deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD”, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome. Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai ligar e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro, e é meio galinha. Ele não tem a menor vocação para príncipe encantado e ainda assim você não consegue despachá-lo. Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita na boca, adora animais e escreve poemas. Por que você ama este cara? Não pergunte pra mim, você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais.Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem seu valor. É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura por computador e seu fettucine ao pesto é imbatível.Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo. Com um currículo desse, criatura, por que está sem um amor? Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados! Não funciona assim. Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível, honestos, existem aos milhares, generosos têm às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó! Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é! Pense nisso ;P "


( Arnaldo Jabor )

Amor e seu tempo

Amor é privilégio de maduros
Estendidos na mais estreita cama,
Que se torna a mais larga e mais relvosa,
Roçando, em cada poro, o céu do corpo.

É isto, amor: o ganho não previsto,
O prêmio subterrâneo e coruscante,
Leitura de relâmpago cifrado,
Que, decifrado, nada mais existe

Valendo a pena e o preço do terrestre,
Salvo o minuto de ouro no relógio
Minúsculo, vibrando no crepúsculo.

Amor é o que se aprende no limite,
Depois de se arquivar toda a ciência
Herdada, ouvida. amor começa tarde.$

Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Despedida com glamour!


Na tarde de ontem em muitas homenagens e emoção no Maracanã, o Fluminense foi ovacionado por mais de 50 mil tricolores em sua despedida da temporada 2008, ano esse, que para o Flu, bem que poderia ser comparado a um best seller, sem retoques, tamanha a carga de drama, euforia e autenticidade que aconteceram no seu transcorrer, repleto de reviravoltas. O jogo contra o Ipatinga, por exemplo, que a princípio só serviria para ratificar a vaga do Flu na Copa Sul-Americana e para que Washington brigasse pela artilharia do Campeonato Brasileiro, transformou-se num rio de lágrimas: Não que o Flu tivesse deixado a vaga escapar ou que o Coração Valente não tivesse conseguido ser o goleador da competição - na verdade, o Tricolor angariou um e outro. A emoção das arquibancadas deveu-se à despedida do maior ídolo tricolor dos tempos modernos, Thiago Silva, que, de saída para a Europa, fez seu último jogo pelo clube que ama. “Não sei se mereço todas essas homenagens, mas quando escutei a torcida gritando meu nome pela última vez, não resisti”, disse, chorando muito. Thiago Silva diz lamentar não poder ficar toda uma vida no clube de coração (em três anos, jogou 145 partidas). Fazer sua independência financeira para dar um futuro digno à sua família é visto como prioridade neste momento. “Mas volto para encerrar a minha carreira aqui”, prometeu. Eu o aguardo com saudades, Monstro!
Considerado pela mídia um dos favoritos ao título brasileiro antes do início da competição, o Fluminense, por razões que poderiam ser listadas, jamais esteve perto de brigar pela taça. A décima-quarta colocação, posição que, devido à conquista do Internacional no meio de semana, lhe dá a última vaga para a Copa Sul-Americana do próximo ano, é um alento para a torcida tricolor, que esteve perto de tocar o céu nesta temporada. Na frieza dos números, foram apenas 45 pontos em 114 possíveis, com econômicas 11 vitórias em 38 jogos. Houve ainda 12 empates. Apesar da campanha ruim, o Tricolor, em parte graças à sua grande defesa que não sofreu uma única goleada em todo o campeonato (a maior derrota foi por dois gols de diferença), ainda terminou com saldo positivo: foram 49 gols a favor e 48 contra. Sabe-se, porém, que o Tricolor andou escalando jogadores de base nas nove primeiras rodadas, período em que priorizou a disputa da Libertadores. Após a sua perda, o time mergulhou num buraco negro, parecendo sem forças para reagir.
René Simões, tal qual um messias, operou o milagre da transformação e, com um aproveitamento de 60% (cinco vitórias e três empates em dez jogos), recolocou o clube nos eixos, ainda a tempo de salvá-lo do pior e de classificá-lo a nova competição internacional (à exceção de 2007, quando conquistou a Copa do Brasil, entre Copas Libertadores e Sul-Americana, o Flu vem, desde 2005, disputando campeonatos internacionais). Mais do que gratidão, renovar o contrato de René Simões, por sua comprovada competência, passou a ser obrigação. Vejam como a vida é engraçada: na madrugada de 3 de julho, logo após a decisão por pênaltis entre Flu e LDU (EQU), rubro-negros e cruzmaltinos, com certa dose de exagero e até de maldade, comemoravam o destino cruel do Tricolor na Libertadores. Apenas cinco meses depois, agora são ambas as torcidas que choram, ainda que por motivos distintos: o Fla por ter deixado escapar a vaga pra Libertadores mais ganha dos últimos anos (só perde para a do próprio Flu de 2005); e o Vasco, pior (aliás, muito pior), por ter sido rebaixado à Segunda Divisão do futebol brasileiro.

É, a vida tem dessas coisas…
ps1: “O que começa com Fla e termina com Flu? A zona de classificação para a Copa Sul-Americana”
ps2: E o Renato, hein? O raio caiu duas vezes no mesmo lugar…