Quero um homem que me preencha pelo avesso.
Que saiba distinguir o meu cheiro como um aviso.
Quero um homem que me escute no vento.
Que saiba percorrer meus passos e fazer os dele nas areias banhadas pelo mar para que eu possa caminhar.
Quero um homem simplesmente, homem, que me desabroche qual flor em primavera pronta para os braços do sol, que se esconde no inverno esperando degustar o seu alimento, que se despe no outono para reforçar sua magia e no verão seja tão colorido, com as cores que juntos vamos pintar.
Quero um homem que me faça perceber o que vai atrás do véu. Que saiba se desnudar para mim como quem procura segredos no céu.
Quero, e por querer muito, talvez eu queira o impossível, mas o impossível existe, é só saber procurar e mesmo que procure errado, não desanime, já que ele pode estar bem ali.
- Mônica Bragança
"Quando a borboleta coroou a flor amarela, os lírios, em ângulo reto com seus caules, fizeram uma profunda saudação..." - Guimarães Rosa
quinta-feira, 25 de março de 2010
domingo, 21 de março de 2010
Doer dói.
Já pensou o quanto dói fechar a porta no próprio dedo? Ou melhor: você certamente já sentiu isso na pele. Na pele e no ossinho do indicador; ou do mindinho, ou seja lá que dedo foi. Prender o próprio dedo na porta do carro ou de casa ou do armário ou do box dói, dói pra burro. Como é que a gente consegue se machucar tanto, e de tantas formas, sem ajuda de ninguém? Simplesmente sós, distraídos, apressados.
Existem outras coisas que a gente precisa machucar. Existem partes a cortar. Machucados que a gente precisa fazer de forma consciente. Entendeu? Assim, ó: quando você precisa arrancar de dentro de você alguma coisa que você sente, mas não pode mais sentir, por exemplo. Entendeu agora? Quer que desenhe? Eu desenho.
Eu desenho um céu cinza. Um céu cinza numa tarde de segunda-feira em meio a um feriado. Eu desenho um telefone celular do lado da cama. Uma tarde cinza de uma segunda-feira em que você desliga o próprio telefone porque não quer que ele toque, ou porque não quer esperar que ele toque. E quando você aperta o botão de desligar, é mais ou menos como prender o dedinho na porta do carro. Dói. Mas precisa ser feito. Mas dói de qualquer jeito: você queria deixar o celular ligado e ser surpreendida pela campainha insistente.
Eu desenho um final de tarde frio. Um final de tarde frio com o céu amarelo e um ônibus vermelho cortando a paisagem. E você entra no ônibus mas, antes que a porta feche, você recua. E fica do lado de fora olhando o ônibus vermelho cortar a paisagem e levar embora um pedaço bem curto da sua história. Um pedaço do qual você precisa se livrar a todo custo. E no exato instante em que o ônibus vermelho cruza o céu amarelo à sua frente, o vento que sopra é tão frio, tão frio, que corta. E dói. Você queria estar dentro do ônibus; mas é melhor que o vento sopre agora e corte agora. Vai por mim.
Então é mais ou menos assim. A gente precisa cortar os próprios pulsos às vezes pra deixar morrer uma coisa e nascer outra. E isso vai doer pra caralho. E a gente precisa ter MUITA coragem pra desligar o celular, sair do ônibus, deixar o vento frio soprar. Porque não tem hospital, não tem band aid, merthiolate, não tem nada: é cortar, olhar pra ferida e esperar sangrar até parar.
Autor Desconhecido
Existem outras coisas que a gente precisa machucar. Existem partes a cortar. Machucados que a gente precisa fazer de forma consciente. Entendeu? Assim, ó: quando você precisa arrancar de dentro de você alguma coisa que você sente, mas não pode mais sentir, por exemplo. Entendeu agora? Quer que desenhe? Eu desenho.
Eu desenho um céu cinza. Um céu cinza numa tarde de segunda-feira em meio a um feriado. Eu desenho um telefone celular do lado da cama. Uma tarde cinza de uma segunda-feira em que você desliga o próprio telefone porque não quer que ele toque, ou porque não quer esperar que ele toque. E quando você aperta o botão de desligar, é mais ou menos como prender o dedinho na porta do carro. Dói. Mas precisa ser feito. Mas dói de qualquer jeito: você queria deixar o celular ligado e ser surpreendida pela campainha insistente.
Eu desenho um final de tarde frio. Um final de tarde frio com o céu amarelo e um ônibus vermelho cortando a paisagem. E você entra no ônibus mas, antes que a porta feche, você recua. E fica do lado de fora olhando o ônibus vermelho cortar a paisagem e levar embora um pedaço bem curto da sua história. Um pedaço do qual você precisa se livrar a todo custo. E no exato instante em que o ônibus vermelho cruza o céu amarelo à sua frente, o vento que sopra é tão frio, tão frio, que corta. E dói. Você queria estar dentro do ônibus; mas é melhor que o vento sopre agora e corte agora. Vai por mim.
Então é mais ou menos assim. A gente precisa cortar os próprios pulsos às vezes pra deixar morrer uma coisa e nascer outra. E isso vai doer pra caralho. E a gente precisa ter MUITA coragem pra desligar o celular, sair do ônibus, deixar o vento frio soprar. Porque não tem hospital, não tem band aid, merthiolate, não tem nada: é cortar, olhar pra ferida e esperar sangrar até parar.
Autor Desconhecido
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