quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Nonsense and Sensibility!

Existe o teste de QI, que dá a medida da capacidade de um ser humano para responder um teste de QI. Mas desenvolvi uma forma de medir outro tipo de habilidade humana: o Quociente de Sensibilidade, QS. A equação é QS = A (abstração) + T (tempo). Sendo um sujeito extremamente superficial, sempre tive dificuldade de perceber em certas obras de arte, a arte em si. E dias desses tive um epifania quando vi um sujeito em um museu contemplando um quadro ( duas linhas perpendiculares sobre a tela) tomar alguns passos de distancia, parar, e não satisfeito dar mais três passos pra trás, como se fosse cobrar um pênalti. Não perdeu o quadro de vista por um segundo sequer, e ficou ali parado por uma eternidade.
Percebi então que um indivíduo pode ser considerado mais sensível que a media quão mais abstrato é o objeto artístico em estudo e quão maior o tempo em que sua atenção recai sobre ele.
Espectadores rasteiros costumam desistir de admirar obras mais complexas nos primeiros indícios de dificuldade em absorver a mensagem, o que diminui o Quociente de Sensibilidade pela redução do fato de tempo da exposição. Eles podem, por exemplo, abandonar uma sessão de “Stalker” do Tarkovski por acreditar que nada aconteceu nos seus primeiros 20 minutos, e perder mais duas horas e meia de um nada acontecendo sensibilíssimo.
Ou até podem dedicar atenção por um considerável período de tempo a um determinado produto cultural, mas este tende a perder no quesito abstração – por exemplo, uma Maratona Simpson na Fox, que tem o risco adicional de poder representar diversão, o antônimo de Experiência artística.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Love of gold

Em tese são a inércia e a gravidade que fazem o mundo girar, mas vocês sabem o que é na verdade: o amor. “O amor pelo outro”, completa o Gene Hackman naquele filme do David Mamet.
Hoje compreendo isso, mas nem sempre foi assim. Lembro que quando era adolescente duvidava que alguém realmente casasse por dinheiro. Talvez fossem só os hormônios trabalhando em excesso, mas acreditava que dinheiro e tudo mais que havia no mundo era só pretexto e estratagemas para chegar até a recompensar por todas as aulas de trigonometria que fui obrigada a assistir: SEXO.
Que alguém abrisse mão da satisfação sexual por grana não fazia o menor sentido pra mim, que era uma ingênua e, claro, virgem, mas a verdade é que ainda acho difícil de acreditar. O que diz muito a respeito da minha escala de valores e explica porque ainda sou pobre(já que ainda moro com meus pais).
Também fui grunge quando adolescente, e naquela época essa historia de não se vender era um caso sério; um dos slogans do – ahn – movimento era “morte aos falsos”, embora não me lembre muito bem como era mesmo um grunge de verdade. Imaginava que esse papo de vendido está tão velho como a defesa do celibato enquanto método contraceptivo, mas a internet esta ai para mostrar que os velhos hábitos não morrem de resfriado.
Conheço, e só de ouvir falar, poucas pessoas que podem se declarar realmente independentes (por hierarquia, financeiramente, etc), sendo que contra algumas delas existem processos penais que questionam a retidão de suas trajetórias até a independência. E duvido que elas sejam as mesmas que escrevem em blogs ou comentários de blogs que tal fulano “se vendeu”.
Essa patrulha da pureza um tanto incoerente e tardia lembra a minha adolescência. Ou seja, quando vier alguém pro seu lado com esse discurso, pode ter certeza: o carinha ainda não amadureceu sexualmente.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

...

Então esse dia já começa. E é só noite. Um bando de malucos, dos mais saudáveis que conheço, se reúne. E eu aqui a começar alguma coisa que nem conheço. Recomeço.

Coragem. Ás vezes parece que não faz a menor diferença, mas que diferença há de se fazer?

Conhecer. Ta esquisito escrever. Igual. É o sinal que o teclado ofereceu.

Vocês vêm da sala. Que conforto ver o pensamento.

Nubladas lembranças. É no masculino que de diz, embora seja feminino. Tudo ao mesmo tempo agora. Balela, traquitana irresistível, audácia da filombeta. Fui. Criança. Sou. Embora. Não saiba. Quem.

Tesão da discrepância. O discernimento. Incrível e sozinho. Falta da mesma mente. Entende. Sua mão não lhe disse. A que vim. Afinal.

Barriga de historia. Nula presença. Louca crispada. Enfim. Dura e realidade. Linda em que se vê. Vazia em que se sente. Veste a força motriz. Explode cuspida, densa na turbina. Sua nudez é ridícula. Fonte dura de marfim.

Minha obra é tentar narrar com interrupções. Compra comida. Fazer comida. Beber. Acordar. Trepar. Amar. Caps lock. Criar. Pagar conta. Quase sempre. Acreditar. Que tem um buraco no fim do túnel. E que existe um veiculo que te leva.Você precisa descobrir qual o seu. No momento em que me encontro.

Sibilam e gritam diferentemente. Idiomas concretos. Sussurros expostos de experimentos. A correção idiomática gramatical que me obriga regras. Desfúteis. Inúteis. O pré dos fixos. Os melanócitos incrédulos. Me tragam objetos! Lindos de fora. Com rugas. Que hora.

Passei daquela ponte ininterrupta. Em que tempo te encontro?

Rock’in’roll will never die. Minha sonoridade importa.Você me inspira e que transpiração não seja clichê. De mente sem espaço. Ampla, duplex, cobertura. Sem ser na Barra. Que me odeie e me retire.

Livre.

Vomito tudo que não sou.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Banho

Com as costas envergadas
de vergonha
Tu entraste no banheiro.

O silencio constrangido
a toalha nos ombros
cobriam um leão morto.

No Box apertado
Girei os registros
Molhei a toalha
Pedi que te virasses

Plantaste as mãos
- imóveis –
sobre os azulejos
E a cortina tocou meu rosto.

Guiada por mim, a toalha passeou:
teu tronco
tuas pernas
braços
pescoço.

A tolha úmida
e a cortina
que se fechava.

No breu dos teus olhos cerrados
E no tremelique das mãos
(que não podias deter)
Lembravas:
Um dia
Também me deste banho

Girei os registros
Troquei de toalha
Pedi que te virasses

Enquanto te secava
E ouvia um obrigado
Soube que não há como sair limpo
De um banho desses.