sábado, 23 de junho de 2012

A espera

Resquícios de verão marcam o calendário. Esperando inevitavelmente dias que não mais virão. Parada na janela sinto o ar me faltando...
Crianças correndo com euforia exalada em cada sorriso.
O relógio marca 17h e nada de você chegar. Espero em vão. Você não virá. Não mais. Não depois de tudo.
Risos ditosos de amores que se acabam. Flores na porta com cartão postal de lugares que nunca conheci. Vivi seus sonhos, suas mentiras. Deixei de viver, eu acho!
Ainda bem que não tivemos aquele filho!
Será?
Minha mãe estava certa quando dizia que eu não era pra você. Sempre tão correto, metódico, careta.
Eu libertina.
Meu pai jurou te fazer sofrer, como quem faz a quem não se ama. Afinal, você foi embora sem nem dar explicação
Filhos, mulheres, talvez. Vá saber
Os anos passam, e eu permaneço na janela. Esperando... Em vão. O vento sopra mais forte, caem as folhas da estação
Nenhuma carta, nenhuma palavra.
Sonhos despedaçados. E se eu morrer? Creio que já o fiz.
Estranho sentimento preso na garganta. Prefiro uma faca, então
Minha irmã não entende, acha que eu fiquei caduca. Toma o remédio - ela diz. E depois chora, quieta.
Sofrer de amor, quem não sofre?
Três meses, e o chão continua igual. As folhas passam... As flores chegam. Tudo está lindo agora. E nada de você. Nem mesmo um telefonema
Prefiro que esteja morto, jogado numa vala qualquer para os urubus. Prefiro que seja um moribundo, um João sem nome. Prefiro isso a não preferir que você tenha me esquecido, me deixado
O correio bate a porta, levanto assustada.
São duas da manhã.. não existem carteiros esse horário. Minha aparência de fantasma assusta o moço. Dona Fernanda? - eu mesma. Obrigada moço!
Abro correndo o envelope.
Silêncio!
No fundo, seu distintivo e uma foto. A foto de uma moça morena, de olhos brilhantes, cabelos vivos. Feliz! Não conheço essa moça, não dessa forma. Parece ser alguém distante, de outra vida quem sabe.
Então foi por ela que me deixou? Desgraçado!
Ao entrar no quarto me deparo com o espelho.
Choro...
Você morreu, e a moça também.

terça-feira, 19 de junho de 2012

prazer !

Era domingo, daqueles dias chatos de final de ano que nem mais campeonato brasileiro se passa na TV, era final de tarde e o gordo do Faustão não calava a boca. Um quarto lúgubre com alguns cartazes de mulher pelada atrás da porta, uma bola de futebol embaixo da cama, uma cesta de basquete cheia de papeis de bolinhos de chocolates, usados, claro. O cesto de roupa suja perto do computador, que tinha um papel de parede das 10 mais gostosas do ano. Na cama um menino, olhando o ventilador rodar, de olhos abertos, castanhos. Sua cueca pra fora da calça, devia vestir tamanho 48, bem grandes, camiseta branca mostrando os culotes, cabelos enrolados, quase um anjo, se não fosse pelo formato de seu rosto, já na puberdade. Ele só pensava em uma coisa: a vizinha. Ele, com os hormônios em fúria de um pré-adolescente, só pensava nela e os pensamentos se juntavam com toda a confusão que há na cabeça de um jovem dessa idade. Levantou-se e foi até a janela quando viu, mais uma vez, a vizinha, Isabela, chegando, num carro diferente. Ela andava de forma sensual, era uma loira de 21 anos, mas que causava impacto. Ele correu pra procurar o binóculo, e ele com seus apenas 14 anos, sentiu de leve um levantar na calça, já tava acostumado com aquilo, acontece freqüentemente, ainda mais quando ela aparecia. E ela era toda linda, sonhava com seus beijos,com seu toque, tinha raiva dos inúmeros caras com seus carros importados que vinham buscá-la. Ela realmente era desejada, pensava ele. Mas aí entra o lado negro na história: ele era um moleque pervertido, já se masturbava desde os 11, idade essa onde só se consegue uma bela mijada depois de uma bela tentativa de masturbação e não precisava de muito pra isso acontecer, qualquer coisa era válido, até a doente mental e gostosa da Luciana Gimenez de madrugada. Já tinha tentado se masturbar com uma foto da Hebe de maiô na ilha de caras, o que não lhe garantiu muita excitação, convenhamos(mas como tentativas frustradas também devem ser contabilizadas como tentativas). E lá estava ele, com binóculo na mão, olhando-a conversar com um cara qualquer: um merda - pensava ele - mas um merda que comia ela. Não devia ser tão merda assim, no fim das contas. Ela se despediu do playboy e veio andando rebolativa que só, em direção à sua casa. Ele começou a suar frio, gotas e gotas de suor caiam pelo seu corpo, deixou escapar o binóculo, sua calça aberta, broxou. De repente, a campainha toca, ele permanece paralisado, sem saber o que fazer. Suando frio permanece no segundo andar, em seu quarto, mas quer vê-la mais de perto e resolve descer, tentando fazer menos barulho possível, mas são 70kg em cima de um assoalho de madeira tão antigo quando Dona Judite, sua avó. Chega no ultimo degrau, ainda suando frio, quando escuta aquela voz doce e suave da garota de cabelos dourados e corpo de deixar qualquer um embevecido. Ele sentiu um início de rigidez no bigulinho, ficou envergonhado, correu e foi sentar no sofá pra fingir que tava fazendo alguma coisa lá embaixo, ele ouvia algo como "a senhora tem aí, por um acaso..." de repente um silêncio, passos vindo na sua direção, ele tenta enxergar um pouco mais, se inclina pra cima do sofá, ela entra na casa, a vó fecha a porta e diz: "olha Marvin, quem está aí, é a vizinha, Isabela!" O primeiro contato é sempre o mais tenso. Ele se virou de volta no sofá, e mal olhou na cara dela, e disse um 'oi' mais pra dentro do que pra fora, olhando pra baixo envergonhadíssimo. Corou, seu rosto quase da cor dos cabelos, um vermelho vivo, quando ela se virou de costas... Ele se pôs a observar o andar daquela moça e o requebrar daqueles quadris, e o formato daquelas nádegas, suas curvas o deixavam louco, novamente sentiu um levantar entre suas pernas, procurou o mais rápido possível alguma almofada, mas não achava. A cueca caindo pra fora da calça, morria de medo dela virar e querer falar alguma coisa, suava frio novamente. Elas foram até a cozinha e ele não podia perder essa oportunidade, afinal ela estava dentro da casa dele! E ele se mandou pra cozinha, sempre uns passos atrás dela, não queria que ela notasse. O telefone toca e sua avó corre pra atender, deixando os dois sozinhos na cozinha. Ela olha pra ele, aquele olhar doce, singelo e ele só consegue olhar pro seus decotes, seus seios fartos e fica imaginando o que não faria com eles, de repente ela se aproxima, ele fica imóvel e ela chega cada vez mais perto. Cara cara, ofegante, ele não sabe o que fazer, quando ela fala: não tenha medo - com um sorriso no canto da boca, ele paralisa. Ela puxa sua mão e a coloca sobre seus seios, suas mãos continuam lá, sem se mover, ele ainda esta em choque... Ela sorri de novo, e põe a mão sobre sua calça, ele quase goza, tudo que ele sonhou está acontecendo. Calmamente ela abre o zíper e se inclina para baixo, se ajoelha, com a mão direita segura seu maior triunfo e com a boca delicadamente vai enfiando goela abaixo. Ele vibra, e em 120 segundos, tudo se resolve. “meu primeiro boquete”- sorri o menino. Ela se levanta, beija seu rosto e vai embora. De volta ao quarto ele fica imaginando se tudo não passou de um sonho. Coisas como essa não acontecem com meninos como ele, não, com meninas como ela. Ele adormece... sem despertar.