quinta-feira, 30 de julho de 2009

Há tempo

Traga-me o tempo, que em tempo eu aprendo.
Traga-me as horas que poderia ter sabido, compreendido, apenas estado.
Traga-me os segredos não contados, não confiados.
Traga-me a alegria do peito lavado, sem mácula.
Traga-me a limpeza do espírito reenergizado.
Traga-me o mais apertado abraço.
Traga-me o cheiro das flores e da noite.
Traga-me o silêncio dos atos.
Traga-me os sentidos de um beijo, pois já não sinto a língua.
Traga-me os olhos, braços, pernas, sexo. Alma, pois já não penso.
Traga-me o tempo, que em tempo eu reaprendo.
Traga-me você, perdida, achada, calada, estática, sem tempo, com tempo, depressa ou devagar. Apenas traga-me!
Traga-me o sonho de acreditar que poderei estar.
Traga-me a paciência dos longos dias da sala de espera.
Traga-me a calma do seu coração.
Traga-me as marés, que não descansam e que não têm tempo.
Traga-me o gozo que se perdeu no lençol vazio.
Traga-me o sono que ficou perdido nos braços largos de Morfeu.
Traga-me eu de volta, revolta e sem tempo.
Traga-me na exatidão do meu universo que apenas quer conspirar com o seu.
Mesmo que o tempo esteja sem tempo ou com sobra de muitos tempos.
Apenas traga-me!


- Mônica Bragança

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