terça-feira, 29 de julho de 2008

IMPRECAÇÕES A UMA MÃE POBRE

Levanta essa fronte já metade secular
E dirige teus olhos maternais para o teu sangue:
Ele vinga o teu esforço de amanhã.
E se sofres sabes: a alegria de teus filhos virá;
Do esgoto e da miséria, os rebentos hão de galgar os céus.
E o povo dominará as ruas. E uma filha sua,
Outra mãe, passeará com o filho, em paz pelas praças.
E o iniciará ao sexo, ela mesma. E hão de drogar-se juntos.
E a liberdade anárquica destruirá a fé comunista.
E e e e....mil coisas mais.
Até que a moral responda à altura com a sua clave firme,
Calando tanto opóbrio e devassidão. Reintegrando valores.
Pois a verdade é uma só e indiscutível.
E, em nome do sagrado, teu bisneto será um tirano.
Mas o filho deste terá crescendo em si a semente do inconformismo,
Que na próxima geração explodirá em reividicações.
E tua continuidade se instalará na política pró-democrática,
E as eleições trarão a corrupção para o teu sangue.
Um novo parente, já sem a menor notícia de ti, com uma mochila de neon,
Colocará o pé na estrada, pegando caronas em carros-laiser.
E tu, que sob os sete palmos fôra transferida e cremada
- Tudo pago pela Empreiteira Imobiliária Novo Mundo -
Rirá, em tuas cinzaz, das convicções efêmeras.

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