sexta-feira, 24 de outubro de 2008

A deusa aprisionada !

Que se entreabam os lábios, góticos,
Devorando com a totalidade apreendida,
A impetuosa fúria então oferecida
Pela metonímia de desejos ópticos.
E os seios lindos, qual mármore esculpido,
Decifrem a vontade de lamber a pedra,
E as rachaduras de impérios em queda
Renasçam nos dedos dos pés do corpo erguido.
Que a visão e a palavra que a reveste
Se assombrem do muito pertencer;
Se o olhar faz o sentido se acender,
A palavra sabe reogarnizar a peste.
Que de tanto olhar-te assim, petrificado,
Lamento o tesão, energia subalterna,
Avalisado e dependente da expressão externa,
Traduzido na rima que o enquadra.
Mas se a visão for (também) uma outra lei?
O aleatório terá talvez seu ritmo,
E fugirei, pra ti sem ser legítimo,
Com tudo o que eu sou e o que eu não sei.

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