sexta-feira, 24 de outubro de 2008

O fruto do vosso ventre.

Deixe que penetre em tua nave a aliviar-me da culpa do ser e sinta crescer em minha alma o que promete o alívio. Mais que a purificação da própria idéia de pecado, quero o dilúvio inexorável de minha pessoa pecadora, tecendo a teia de outra aléia. Quero adentrando em teus pórticos, viver a benção de teus santos, sofrer o ritmo de teus maiores, andar entre cantos e incensos e possivelmente, nua, despida e mítica, ser prostada em teu altar, adoravelmente miserável e arrependida, exausta e exangue, ser de novo acolhida, filha pródiga banqueteada com tua carne e com teu sangue. Então, ladeada de olhares penitentes, ser reticente com minha insistência no persistir em ver e olhar o confessionário como templo mais que sacro, a mim confessando a palavra proibida, a que aprás ser pecadora, e me assistir, a cada tempo, solitária e vária, para sempre fraca, tímida semente do semeador, maltratada e maltratando na terra que lavra a vida, gozando a vertigem de estar perdoada para nova semeadura. Pois o bastão que me fincou nesta agricultura também permite que outra verdade reprovável deite no colo da Virgem.

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