sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Tropa de Elite

A fantasia de Papai Noel esta pendurada, na entrada, no canto esquerdo da Loja Fantasias, na galeria H do mercadão. Na área mais nobre, um modelo, preto, com um colete feito em um tecido acolchoado. Na parte de baixo, apenas uma sugestiva lingerie, com uma liga. Uma boina de camurça completa o visual Capitão Nascimento que tem sido um sucesso do momento. Por R$ 59,90 é possível levar a fantasia. A infantil custa menos, R$ 39,90, mas discreta. Tem o detalhe da caveira do Bope na boina.
Gerson tem intimidade com a policia desde que nasceu. É filho de um policial militar. O pai, Jovelino Cortes, é um dos responsáveis por ele, apesar de ser negro e ter nascido na Rua Andrade Figueira, na subida do Morro São José, ter passado a infância longe do samba. O caveirão, hoje pavor das crianças, na época era Mestre Fuleiro, um dos fundadores do Império Serrano. Na adolescência, o pai mandava ficar longe do samba. E usava da figura do enorme legendário diretor de harmonia da verde-e-branca para assustá-lo.
- o sambista era visto como marginal. Meu irmão, Getulio Cortes, era muito americanizado. Ele foi um dos primeiros Djs. Comprava discos e levava pra gente dançar. Mas não tinha samba. Gerson conta que, com a chegada do rock, a cisão foi total. Os sambistas viam os roqueiros como homossexuais. Só mais velho Gerson se reconciliou com a turma do samba. Hoje é vizinho de Tia Doca da Portela e presença em seus pagodes. Com a policia, ele mantém um respeito formal. Seu problema agora é com um dos movimentos que ele ajudou a criar: o funk carioca. Gerson tem pavor de uma parte do movimento que usa a musica para fazer apologia ao crime ou fala ( e faz ) sexo explicitamente:
- Juntar o black e este funk dá choque. Temos um problema social, com esta periferia carente, cheia de problemas. Não precisa dessa coisa de chamar mulher de prostituta, cantar que vai comer a mãe. O morro marginal esta nessa musica e nós, que fizemos letras com cunho social, não temos nada com isso. Não temos nada que bandido é melhor. Nem policia é melhor nem bandido é melhor. Este funk é um modismo que não vai vencer. A não ser que queiramos que vire uma Sodoma e Gomorra. A idéia é até policiar isso. Já fui a baile que tinha sexo explicito.

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